segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O que mais tem para nós?

Eu estava deitado no chão, e conseguia ver o céu. Percebi que o frio estava de congelar os ossos. O cheiro era de decadência, mas ao mesmo tempo era muito indistinto, como se o frio extremo estivesse mascarando-o de alguma forma. Tentando descobrir do que era o cheiro que eu sentia, me levantei.

Olhei em volta e percebi que estava num tipo de pátio, com muros altos por toda a sua volta. Não havia nenhum meio de sair que eu pudesse enxergar, e os muros devia ter mais ou menos 20 metros de altura. Ainda meio desorientado, eu percebi como o chão abaixo de meus pés era irregular, e olhei pela primeira vez ao redor de mim sem ser olhando para cima.

Corpos.

Corpos em vários estados de decomposição, praticamente cobrindo todo o chão. Pilhas e montanhas deles. E alguns deles não estavam mortos.

Alguns gemiam, e tentavam em vão mover os braços, outros rastejavam, e outros estavam sobre os muros. Os mais fortes mancavam pela área, sem ter algum lugar de verdade para ir. Todos eram magros de mais, mas eu só podia dize isso pelos seus rostos sujos e com barba para fazer, já que a maioria usava casacos esfarrapados e grossos.

Eu observei que um deles estava perto de mim, e o observei pegar um maxilar sem rosto do chão, com sua gengiva branca e seus dentes pretos apodrecidos. Ele olhou apreensivo por alguns segundos, mas começou a morder e raspar com os dentes, comendo qualquer cousa que podia dali. Depois que o osso estava praticamente limpo, ele desmaiou.

Do outro lado do pátio, um homem estava balbuciando com sigo mesmo, deitado num canto, em posição fetal. O outro raivosamente comendo o próprio braço esquerdo. Vários andaram em minha direção ameaçadoramente, e depois se agacharam junto com o que tinha comido o maxilar, devorando-o.

O esqueleto de um homem, perto de uma parede, que eu presumi obviamente estar morto, vagarosamente estendeu a cabeça de osso e sussurrou numa voz grosseira e crua: "O que mais tem para nós?"

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